Auto narração como modalidade psicoterapêutica e um meio de investigação do inconsciente na neurose observado na bibliografia de Clarice Lispector
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Data
2020Autor
Souza, Douglas André De
Arantes, Ana Claudia Yamashiro
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A complexidade da mente humana sempre foi alvo de pesquisas e debates. Desde os
antigos gregos que exercitavam o pensamento até o nascimento da psicologia,
ferramentas foram criadas de modo a compreender o que é posto por muitos como
incompreensível. Com Freud, em seus estudos da neurose, descobriu-se que através
da linguagem era possível se extrair o que o neurótico tinha de mais recalcado, assim
como Jung observava na complexa organização psicótica uma realidade
extraordinária a ser compreendida por meio da imagem. Sob essas bases primordiais
do saber mental, surgem dispositivos complexos e vantajosos em sua utilidade
terapêutica, como a arteterapia da psiquiatra Nise da Silveira, que muito contribuiu
para investigação e tratamento da esquizofrenia. Partindo da arteterapia de Nise da
Silveira, o objetivo desta pesquisa é trazer ao conhecimento e responder se de fato o
inovador recurso “autonarrativo”, falado por autores como Paul Ricoeur, usado pelo
Naoki Higashida como expressão de seu complexo mundo autista e por Virginia Woolf
como meio do esvaziamento da tensão subjetiva, poderia ser um recurso terapêutico:
Poderia ser a literatura um recurso terapêutico de promoção da elaboração psíquica,
no caso dos neuróticos, assim como a pintura o é para os psicóticos? Para tanto, este
trabalho examina a bibliografia da escritora Clarice Lispector e sua relação biográfica,
com o intuito de fornecer um dispositivo vantajoso em psicoterapia, trabalhando a
integração de personalidades parciais no processo de individuação, tal qual
apresentado por Carl Gustav Jung. Para tanto, pretende-se antever se de fato a escrita
de Clarice Lispector pode nos fornecer dados que validam a busca de sentido
biográfico em sua autonarração.